A maior parte das mulheres nasce com esse sonho/desejo de ser mãe. A maior parte das mulheres realizam esse sonho/desejo com os seus parceiros formando uma família tradicional de mãe, pai e filhos/os.
Mas e se não quisermos que essa figura paterna exista ou simplesmente não encontramos essa tampa para a nossa panela? Então pensamos na procriação medicamente assistida e consequentemente numa maternidade independente.
Da experiência que tenho, as mulheres que pensam em criar a sua própria família de uma forma independente preocupam-se com 3 coisas:
- Onde fazer?
- Com que médico?
- Quanto custa?
Sem dúvida que são questões pertinentes. Mas antes de chegarem aqui, na minha opinião têm de colocar outras cartas mais importantes em cima da mesa. Fazerem um balanço financeiro e emocional da vossa vida.
Estes são os 5 pontos que deverão ter em conta antes de tomarem a decisão de serem mães independentes:
01 Balanço Emocional
(sem dúvida o mais importante) – o que é isto do balanço emocional? Como estamos emocionalmente? O que procuramos quando pensamos em ter um filho/a sozinhas? Procuramos alguma compensação emocional? Porquê? Que tipo de amor procuramos? De onde vimos? Quão seguras estamos para embarcarmos numa aventura como esta?
Talvez não tenhamos todas estas respostas logo, mas é muito importante refletir sobre elas. Termos a capacidade de assumir a total responsabilidade por nós e pelas nossas escolhas. Não dependermos de terceiros para tomarmos decisões. Não precisarmos da aprovação do outro para nos sentirmos bem connosco. Não esperar nenhuma atitude ou comentário para alimentar a nossa autoestima. Uma cabeça e coração limpo, resolvido pode evitar muitas situações no futuro. Precisamos estar muito seguras da decisão que estamos a tomar porque a nossa segurança é a segurança deles e com a qual vão crescer.
02 Suporte Familiar
eu diria que este ponto é também bastante importante e que se for bem organizado pode ajudar e muito nos pontos 4 e 5. De repente deixamos de ser independentes e livres e passamos a ter a nosso cargo um ser 100% dependente de nós para tudo. Na vida acontecem sempre imprevistos e nem sempre vamos conseguir estar em todo o lado. Se vos ligarem da escola a dizer que o/a vosso/a filho/a está com febre e que têm de o ir buscar e não puderem sair dos vossos trabalhos, quem vai? Se precisarem de trabalhar até mais tarde quem vai busca-lo/a à escola? Se quiserem ir jantar fora, namorar, passar um fim-de-semana fora, sair à noite, viver, quem pode ficar com ele/a? e precisarem de trabalhar até mais tarde quem vai busca-lo/a à escola? Se quiserem ir jantar fora, namorar, passar um fim-de-semana fora, sair à noite, viver, quem pode ficar com ele/a?
03 Balanço Financeiro
quando falo de balanço financeiro não me refiro só ao dinheiro que temos no banco nem tão pouco, quanto custa o tratamento. Existem vários tipos de tratamentos com valores muito diferentes e não somos nós que escolhemos qual deles vamos fazer. Tudo vai depender dos resultados dos vários exames que temos de fazer. Claro que é importante saber que dinheiro temos e até onde podemos ir para conseguir realizar este sonho/desejo. Eu por exemplo decidi que só faria duas tentativas e que não me iria endividar para ser mãe. Quando falo de balanço financeiro, refiro-me também ao nosso balanço financeiro mensal. Conseguimos assegurar todas as necessidades básicas dessa criança com o nosso salário? Conseguimos pagar um eventual problema de saúde vitalício? Conseguimos assegurar qualquer despesa extra que possamos ter?
04 Privação de Tempo
Tempo, o meu maior luxo hoje em dia. Porquê, porque tenho pouco e o pouco que tenho tem de ser bem investido. Nas tarefas certas, nos programas certos, nas pessoas certas. O tempo é um recurso não renovável, uma vez perdido é irrecuperável. Quando temos uma criança a nosso cargo todo os nosso tempo é partilhado com ela e até atingir uma certa maioridade, o nosso tempo é controlado por ela. Todas já ouviram falar da privação do sono nos primeiros meses ou até anos de vida. Tenho amigas que só começaram a dormir noites inteiras ao fim de dois anos. Uma loucura! Ora, se não dormimos bem, no dia a seguir estamos cansadas, lentas e quase incapazes. Mas isso é completamente indiferentes porque a criança vai ter de comer, tomar banho, dormir sestas, mudar fraldas e nós também vamos ter de comer, tomar banho, dormir já para não falar de toda uma casa para se organizar. Como se lida com isso? Não há respostas nem nenhum guia que te possa aconselhar mas há alguns truques que podem servir para algumas mulheres. Como por exemplo: dormir quando eles dormem. Eu aproveitava as sestas dele para arrumar a casa, comer, tomar banho, etc… e claro, quando ele acordava eu só queria parar. Portanto eu só descansava mesmo à noite. Felizmente o meu filho não me deu muitas noites más e eu conseguia descansar durante a noite mas houve momentos mais difíceis. As cólicas, os dentes, etc… Não ficarmos obcecadas (como eu fiquei) em ter tudo organizado. Casa limpa, roupa lavada, passada e arrumada, refeições feitas, etc… sim, eu achava que era a super mulher e lixei-me. Não é possível chegar a tudo sozinho, a não ser que tenhamos ajudas de senhoras da limpeza, babysitters, alguém que cozinhe para nós. Não foi o meu caso, por isso sejam menos exigentes com determinadas coisas. As necessidades de um bebé não podem esperar, as necessidades de uma casa, sim.
05 Privação Social
o meu filho tem 5 anos e até hoje é o meu maior desafio. Existir!!!! Aceitar que eu estou no fim, do fim, do fim, do fim da linha é uma batalha que ainda travo. Eu preciso de estar com outras pessoas, sair, ir dançar, ir ao cinema, ir ao ginásio, namorar, ir a uma loja, ir ao supermercado, etc… Existir. E sem o tal suporte familiar ou dinheiro para babysitters esses momentos são mesmo muito difíceis. Por exemplo, gerir uma relação quando o vosso filho está semana sim, semana sim convosco não é fácil, pelo menos no começo que não queremos que os nossos filhos percebam que existe uma terceira pessoa. Portanto namora-se sempre fora de casa e para isso acontecer… quem fica com eles? Um presente que eu gostava de ter recebido e não recebi foi um banco de horas de babysitters. Aqui fica a dica!
Vale a pena pensarem nisto, estudarem bem a situação, pensarem em soluções a medio longo prazo (balanço financeiro, por exemplo) até porque quando estiverem a passar um momento mais difícil, podem sempre lembrar-se desta reflexão que fizeram e sentirem-se mais tranquilas. Quando eu estou num momento mais complicado penso: “Foste tu que escolheste isto!”